As Mãos do Meu Pai
António de Lille Delgado Malaquias de Lemos |
Todos os dias falo com o meu Pai. Homem grande (em altura e dimensão humana), recto, com enorme sentido de humor, lutador de causas justas e com um Amor pelo próximo como poucos.
Dele guardo um porão de tesouros que me foi deixando enquanto me ajudou a crescer.
E ajudou sempre, até partir, mesmo em momentos que julguei que me queria "mal" ou estava desatento. Coisas do crescimento!
Educou-me no gosto pelo belo: do teatro, aos livros, esculturas e desenhos.
Ensinou-me o que era justiça, transparência, verticalidade e honradez.
O meu Pai desenhava, cortava, recortava, construía e fazia maquetas (de todas as peças de teatro que ensaiou até às casas que imaginou).
No meu escritório, tenho o recorte destas mãos, que em tudo eram iguais às do meu Pai e que por ele foram feitas, recortadas e coladas.
São as mãos que afagam um Deus ou Deusa maiores, articuláveis ou em jeito de aconchego consoante a intensidade do Amor que se tenha neste ou naquele instante.
Imagino-me, sempre, que estou a enlaçar as mãos do meu Pai e com ele a conversar com aquele Deus ou Deusa maior.
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