quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Leiria dos Graffitters de Rua













Leiria do Poeta Francisco Rodrigues Lobo e de Miguel Torga



Adolfo Correia da Rocha, o mais conhecido Miguel Torga, fez parte de Leiria entre 1939 e 1941.
Foi nesta cidade que, em 1940, escreveu os "Bichos" e teceu o seu elogio aos tempos ali passados:
"Dos anos que passei em Leiria, a todos os títulos singulares e decisivos no meu destino, guardo duas riquezas de que sou avaro: o encantamento da sua paisagem - uma das mais harmoniosas de quanto conheço - e a lição de algumas humanidades exemplares".
 Dele ficou célebre a frase: " O meu partido é o Mapa de Portugal".

Leiria de D. Dinis e seu Pinhal









Leiria das Judiarias, dos Hortas e da Inquisição


Largo do Gato Preto

Leiria Queirosina

Mestre Lagoa Henriques - Homenagem ao Rio Lis e Lena

Castelo de Leiria, conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques
em 1135.
No interior encontra-se a Torre de Menagem (D. Dinis) e
Os Paços Novos (D. João II)

A 30 de de Junho de 1870 tomou posse, como Administrador do Concelho de Leiria, José Maria Eça de Queiroz.
Como ele dizia, no "seu exílio administrativo", escreveu o seu livro " O Crime do Padre Amaro",
A todos aqueles que, por vezes, não sabem onde ir façam o favor de descobrir um pouco do tanto que a nossa terra tem.








Moinho do Papel - 1411 
Sé de Leiria - 1550

Homenagem ao Porto


Pintura a óleo de António Gaspar
O Porto foi considerado, pelo segundo ano consecutivo, uma das cidades mundiais mais importantes a descobrir e conhecer.
Imperdível sem dúvida! Justamente reconhecido e merecido.
Descrevê-lo não basta. 
Tem que se viver aquela terra, aquelas gentes, aqueles sons, cores, história, estórias, luz, nectares, gastronomia, e...................................................... 
É com António Gaspar que melhor consigo, hoje e sempre, sentir o quanto sou feliz naquele espaço. 

Papa Francisco

"Há algo mais Humilhante do que não poder ganhar o pão?
O Pão nosso de cada dia"


As Mãos do Meu Pai

António de Lille Delgado Malaquias de Lemos

Todos os dias falo com o meu Pai. Homem grande (em altura e dimensão humana), recto, com enorme sentido de humor, lutador de causas justas e com um Amor pelo próximo como poucos.
Dele guardo um porão de tesouros que me foi deixando enquanto me ajudou a crescer.
E ajudou sempre, até partir, mesmo em momentos que julguei que me queria "mal" ou estava desatento. Coisas do crescimento!
Educou-me no gosto pelo belo: do teatro, aos livros, esculturas e desenhos.
Ensinou-me o que era justiça, transparência, verticalidade e honradez. 
O meu Pai desenhava, cortava, recortava, construía e fazia maquetas (de todas as peças de teatro que ensaiou até às casas que imaginou).
No meu escritório, tenho o recorte destas mãos, que em tudo eram iguais às do meu Pai e que por ele foram feitas, recortadas e coladas.
São as mãos que afagam um Deus ou Deusa maiores, articuláveis ou em jeito de aconchego consoante a intensidade do Amor que se tenha neste ou naquele instante.
Imagino-me, sempre, que estou a enlaçar as mãos do meu Pai e com ele a conversar com aquele Deus ou Deusa maior. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Lisboa que me apetece!

A Lisboa que me apetece

A Lisboa que me apetece foi aquela que me foi dada a descobrir por Amigos como o Professor Agostinho da Siva; Carlos do Carmo; Ary dos Santos; Romeu Correia;Vasco de Lima Couto; João Alves e Alexandra Derboven e pelos olhos de Àlvaro de Campos:


Preciso de espaço

Vasco de Lima Couto

                                                  Para ser feliz       
                             Preciso de espaço
                             Para ser raiz
                             Ter a rede pronta
                              Para o mar de sempre
                              Ter aves e sonho
                              Quando a terra escuta
                              E falar de amor
                              Aos tambores da luta

Refrão

Ter palavras certas
No Sol do caminho
E beber a rir
O doirado vinho
Misturar a vida
Misturar o vento
E nas madrugadas
Quando o povo abraço
Para estar contigo
Preciso de espaço

                             Preciso de espaço
                             Para ser feliz       
                             Preciso de espaço
                             Para ser raiz
                             Caminhar sem ódio
                             Falar sem mentiras
                             Ter meus olhos longe
                              Na luz de uma estrela
                              E ser como um rio
                              Que se agita ao vê-la



Àlvaro de Campos


Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.






LISBOA MENINA E MOÇA
 José Carlos Ary dos Santos
No Castelo ponho um cotovelo
Em Alfama descanso o olhar
E assim desfaço o novelo
De azul e mar.

À Ribeira encosto a cabeça
Almofada na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo.

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem, tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura.
Cidade a ponto luz, bordada
Toalha à beira-mar, estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida.

No Terreiro eu passo por ti
Mas da Graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha sorri
És mulher da rua.

E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar.



Retrato do Povo de Lisboa
José Carlos Ary dos Santos



É da torre mais alta do meu pranto
que eu canto este meu sangue este meu povo.
Dessa torre maior em que apenas sou grande
por me cantar de novo.

Cantar como quem despe a ganga da tristeza
e põe a nu a espádua da saudade
chama que nasce e cresce e morre acesa
em plena liberdade.

É da voz do meu povo uma criança
seminua nas docas de Lisboa
que eu ganho a minha voz
caldo verde sem esperança
laranja de humildade
amarga lança
até que a voz me doa.

Mas nunca se dói só quem a cantar magoa
dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria
apunhalada na garganta.
Dói-me o sangue vencido a nódoa negra
punhada no meu canto.



"Toda a vida bem vivida, harmoniosamente vivida, vivida sem faltas, sem manchas, com felicidade, com serenidade, é uma vida medíocre. 
Tudo o que passe do medíocre tem em si o excesso e o erro."  - Professor Agostinho da Silva