Por mais que lute contra a
depressão e por mais que queira ser positivo dou-me conta que me faltam forças anímicas
e outras…
Efectivamente o Estado
deixou de ser uma pessoa de bem e passou a ser um alcoice de gente incapaz,
impreparada, arrogante e insensível. Sempre forte com os fracos e cobarde com
os “poderosos”.
Estamos em 2014 e, a cada
dia, nos chegam dados assustadores que reforçam a realidade dramática da maioria
dos portugueses.
Essa maioria, que só quem
não quer é que não vê (a chamada cegueira selectiva), sente na pele ou conhece
de perto alguém no desemprego; alguém com vinte e poucos anos que não pode sair
da casa dos pais por falta de meios ou alguém que teve de regressar para casa deles
ou dos avós por lhe ter faltado o sustento base de vida.
A segurança social é agora o seio das famílias
de reformados. Reformados que confiaram no Estado para uma reforma digna e a
quem, qual saprófitas, lhes têm roubado os valores garantidos.
Estamos em 2014 e 2,3
milhões de portugueses, em idade activa, estão em risco total de pobreza (entre
os desocupados jovens e desempregados). Coisa pouca para uma população de
10,56 milhões em que a maioria é de gente cada vez mais velha.
A politicagem e pseudo
economistas olham para a realidade com os padrões teóricos em que sempre
governaram. Incapazes de aplicar soluções de contra-ciclo para poderem assegurar
os seus negócios.
Com arrojo e determinação
como foi feito por muitos governantes ao longo da nossa história.
O serviço público foi
anulado para que as negociatas se eternizem e sempre à custa daqueles que não podem
fugir ao roubo fiscal.
Estamos em Março de 2014 e há uma realidade medida pelo
INE quanto à Privação Material.
A Privação Material engloba 9 itens:
1) sem
capacidade para assegurar o pagamento imediato de uma despesa inesperada,
próxima do valor mensal da linha de pobreza (sem recorrer a empréstimo); 2) sem
capacidade para pagar uma semana de férias, por ano, fora de casa, suportando a
despesa de alojamento e viagem para todos os membros do agregado; 3) atraso,
motivado por dificuldades económicas, em algum dos pagamentos regulares
relativos a rendas, prestações de crédito ou despesas correntes da residência principal, ou outras
despesas não relacionadas com a residência principal; 4) sem capacidade
financeira para ter uma refeição de carne ou peixe (ou equivalente vegetariano)
pelo menos de dois em dois dias; 5) sem capacidade financeira para manter a
casa adequadamente aquecida; 6) sem disponibilidade de máquina de lavar roupa
por dificuldades económicas; 7) sem disponibilidade de televisão a cores por
dificuldades económicas, 8) sem disponibilidade de telefone fixo ou telemóvel
por dificuldades económicas; 9) sem disponibilidade de automóvel (ligeiro de
passageiros ou misto) por dificuldades económicas.
Tendo por base esta metodologia, vive em privação
material quem é afectado por pelo menos três das dificuldades descritas, ao
passo que há privação material severa quando se verificam pelo menos quatro das
nove dificuldades.
Surpresa? De todo que não.
A história repete-se apesar dos ingredientes serem sempre
diferentes.
Pela indiferença dos políticos aconteceu a 1ª Guerra e a
2ª Guerra em menos de cem anos.
Alguém se lembra da FOME em Setúbal, entre 1983 e 1985,
em que encerraram 132 fábricas?
E dos milhares de desempregados e dezenas de suicídios?
E do grito, contra a indiferença dos políticos, do Bispo “Vermelho”
D. Manuel da Silva Martins? Isto foi há 31 anos.
É altura de aplicar a Velha da Guilhotina neste país
governado por indulgentes!