quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ode às Escadas



Ode às Escadas


Percorremos apressados ao longo das nossas vidas trilhos mágicos sem nos darmos conta dos pequenos nadas que calcorreamos.

Refiro-me à arquitectura das escadas que preenchem casas, que nos ajudam a chegar ao cimo de faróis e miradouros quando da Vida falamos.

Sensibilizam-me as pequenas escadas que permitem a uma parteira ajudar uma mãe e a sua criança a chegar a este mundo ou aquelas outras que, juntas a uma bela estante, nos conduzem aquele livro que tanto gostamos.

Aterrorizam-me as escadarias encaracoladas que levam às catacumbas de uma prisão ou ao cadafalso de uma morte anunciada.

Espantam-me aquelas que, possuídas de suavidade e beleza, fazem parte de uma sala de teatro, de uma casa de música, de um museu ou de uma sala de cinema.

Depois, com mais cuidado ainda, foco-me nos materiais de que são feitas as escadas de que vos falo e que o destino me tem permitido subir ou descer cada uma delas.

Com enlevo dei comigo a escutar, no primeiro dia de 2014, a minha comadre a falar com os seus botões: Estas escadas têm um som tão engraçado.